sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010

Professora reclama de dificuldade em processo admissional na rede estadual




A leitora, cientista social e professora Victoria Tomaz conta que após ser aprovada no concurso para Magistério do Estado, realizado em 2008, entrou numa fria. Embora tivesse conhecimento sobre a baixa remuneração e do prestígio que não é dado à altura do que os professores merecem, ela não contava que o descaso já começava no processo admissional. Foram filas, espera, exames pagos, perícia e, por fim, uma enorme dificuldade em ser alocada como deveria e conseguir dar aula.
Magistério no Rio de Janeiro: Uma escolha impossívelPor Victoria TomazQuando recebi um telegrama, em janeiro deste ano, solicitando meu comparecimento à Coordenadoria Regional Metropolitana para admissão no Magistério do Estado, confesso que relutei em comemorar e até mesmo em aceitar. Não só por conta da baixa remuneração como, também, pelo conhecimento da situação atual dos professores na rede estadual. Ponderei com familiares e amigos mais próximos e eles disseram: "aceita, afinal é uma oportunidade! Veja como é, já que passou, agora não custa nada tentar".Custa. E caro. Os exames admissionais são de responsabilidade do candidato, isto é, você paga inscrição, faz a prova, é aprovado e arca com todas as despesas dos exames médicos admissionais que não são poucos. Feito isso, tive que passar por uma longa fila para perícia médica e aguardar o dia da apresentação para escolha da escola na qual iria trabalhar.
Faltam vagasNo dia marcado, enquanto esperava, conversava com os colegas de profissão, que além de falarem sobre os percalços para a realização dos exames médicos, relataram casos alarmantes: "cheguei na escola e não tinha vaga pra mim"; "a diretora informou que faltava professor de Geografia, eu sou de História, mas ela me disse que se eu quisesse eu podia dar aula de Geografia".A sensação de que estava numa "fria" crescia na mesma proporção absurda dos relatos.Fui chamada para fazer minha escolha. Minha não, a escolha que a funcionária tinha para mim: "Só tem vaga de 12 tempos na Tijuca, na escola Antonio Prado Junior, você vai querer essa ou vai querer ficar procurando vagas pingadas em outras escolas piores professora?"Eu queria saber se tinha horário para mim em uma escola próxima da minha casa, mas a funcionária disse que a diretora não atenderia o celular naquele momento e só ela tinha essa informação.
"É uma questão de física"Aceitei a escola que tinha vaga na Tijuca e fui até lá me apresentar. A diretora, lembrando Newton, me explicou que era uma questão de física "não posso ter quatro professores dando aula na mesma sala, para a mesma turma, no mesmo horário. Você é a quarta pessoa que chega aqui hoje para assumir Sociologia, não tenho vagas".Aquilo não era mais uma "fria", passava a ser falta de consideração, falta de respeito, falta de ética, de profissionalismo, ausência de tudo que se poderia querer (e exigir) naquele momento.Retornei à Regional Metropolitana e após muito esperar, mais uma vez, a solução que me deram era eu escolher o que tinha e depois me virar, porque na realidade tudo mudava na escola.Escolhi os tempos e as escolas. Me dividi em duas, quatro dias e sete turmas de 40 alunos cada. Não sei se efetivamente poderei ministrar aulas nesses tempos, se conseguirei conciliar os horários de estudo com os horários picados de aulas.DescrençaO que sei é que todo o ocorrido neste relato, somado a falta de perspectiva dos professores que já atuam no magistério, só aumentaram a minha descrença na gestão da Educação no Estado do Rio de Janeiro. Que cidadão são desejará ser professor do Estado nessas condições? Se o início, até então incerto, se deu da forma que ocorreu comigo, o final eu já sei: a escolha pelo magistério no Estado do Rio de Janeiro não é difícil. É impossível!http://www.sidneyrezende.com/noticia/75756+professora+reclama+de+dificuldade+em+processo+admissional+na+rede+estadual

3 comentários:

  1. E enquanto isso eu encaminhei uma denúncia ao MP sobre a falta de professores nas escolas estaduais do município onde moro. Aguardemos os resultados e FORA, CABRAL!!!

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  2. BIG BHOTHER BRASIL BLOG

    ESTAMOS DE OLHO NOS BASTIDORES DO RIO DE JANEIRO, ONDE O MAL DEVE SER CORTADO NA RAÍZ NA FIGURA DO GOVERNADOR SÉRGIO CABRAL, NOS SEUS GALHOS RAMIFICADOS NA ALERJ E A QUEM TIVER REGANDO SUA ÁRVORE ELEITOREIRA!

    http://vamosnoslibertar.blogspot.com/

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  3. Em um país capitalista como o Brasil, não colocar o salário de um profissional ou trabalhador em primeiro plano é o mesmo que possibilitar a uma pessoa adquirir uma casa ou automóvel, por exemplo, mas não lhe entregar as chaves. No sistema capitalista a "chave" para se adquirir tudo o que precisa ou deseja é o dinheiro. Portanto, o governo precisa deixar de ser hipócrita e fazer o certo, que é remunerar bem, a todos os servidores estaduais e não somente alguns privilegiados.

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